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sincera

sobre manualidades

Costurar, ler, plantar


Não sei vocês, mas tenho dedicado parte do meu tempo a atividades que não me geram ansiedade. Não tem um ser humano que não se auto afirma hoje como ansiosa(o), de modo que esse traço de personalidade talvez nem seja mais uma característica a ser ressaltada. A pessoa do século 21 já nasce ansiosa. Parece que estamos metidos dentro de um experimento científico em que tudo gera angústia, tudo é muito rápido, tudo tem que ser feito pra ontem, e depois vem mais uma coisa e mais outra, praticamente um videogame onde temos que explodir o próximo obstáculo e passar correndo atrás do outro. Não temos nem sequer tempo para fazer algo com mais cuidado e apuro, porque para este sistema parece que fazer algo bem acabado é menos importante do que fazer rápido, já que tudo é descartado dentro de poucas horas.

Enfim, sei que a maioria de vocês costura. Talvez vocês gostem de ler, plantar, tricotar, cozinhar. Talvez vocês me digam que até essas atividades foram sequestradas por esta lógica do “tudo pra já, agora”, mas aproveitem essa dádiva que é poder fazer algo fora das telas, com as próprias mãos, corpo e mente. Todas essas atividades manuais têm início, meio e fim, tem um tempo próprio, uma espera. Elas contêm e abraçam o vazio, não o expulsam, não o agridem. São nestes vazios intervalares que a nossa mente realmente se expande, é onde a gente sustenta nossa lucidez e nossa sensação de integração.

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Costurar, ler, plantar, sonhar são territórios em que você transita sem o perigo de ser invadido por uma propaganda, por um “comprar agora”, por um “você pode assistir seu sonho em 10seg”. Só este fato já diz muito sobre o mundo em que vivemos. Tirem suas conclusões.

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